DISCURSO DE BOAS-VINDAS DO CARDEAL TELESPHORE PLACIDUS TOPPO ARCEBISPO DE RANCHI

Caros irmãos e irmãs:

A vida é uma grande peregrinação e todos nós somos peregrinos no caminho da vida. Também eu sou um dos peregrinos da vossa carinhosa companhia e é com grande alegria que me pedistes para dar as boas-vindas a esta augusta assembleia, os peregrinos da paz. Sim, dou a todos vós as mais calorosas boas-vindas a esta convenção de peregrinos e convido-vos a refletir profundamente sobre o tema desta peregrinação. “Como superar as nossas divisões e trazer a paz ao mundo”. De fato, quero dar-te as boas-vindas a esta grande missão de amor que cura, que supera as divisões e traz a paz a cada um de nós e ao mundo. Moscou deriva o seu nome do rio Moskva, que corre há séculos e até hoje. Gerações e gerações têm vivido à volta deste rio como peregrinos nesta viagem da vida. O próprio rio é um belo símbolo da nossa peregrinação para Deus, pois o rio corre para o seu destino. De fato, no caso do rio Moskva, este deságua no rio Oka que, por sua vez, deságua no Volga na sua viagem para o Mar Cáspio. A fonte de amor que brota nos nossos corações e se mistura com as fontes dos corações dos outros torna a viagem até ao nosso destino muito mais alegre e bela. Bem-vindo a cada um de vós, o Moskva, o Oka e o Volga. Sim, bem-vindos a vós, meus irmãos e irmãs, nesta antiga cidade de Moscou.

O mundo precisa de pacificadores, os filhos de Deus. “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”, disse Jesus no seu famoso Sermão da Montanha. A infeliz realidade é que as divisões estão a multiplicar-se no mundo. Estamos divididos de muitas maneiras e em muitas questões. Uma simples análise das divisões prevalecentes no mundo revelar-nos-ia que o amor nos nossos corações foi substituído pela ganância, violência, arrogância e, como diz o Papa Francisco: “a cultura do usar e descartar fora” prevalecente na sociedade. O respeito e a reverência pelo outro são fundamentais para acabar com as divisões e trazer a paz ao mundo. Todos os que nascem nesta terra merecem uma vida digna. Cada criatura tem um propósito inerente e nada pode ser destruído para saciar a ganância de alguém ou para estabelecer uma falsa supremacia. O mundo precisa de compreender esta verdade inalienável e nós temos aqui uma grande missão como peregrinos da paz.

O Papa Francisco, na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2014, afirmou “A fraternidade é uma qualidade humana essencial, pois somos seres relacionais. Uma consciência viva do nosso parentesco ajuda-nos a olhar e a tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã ou irmão; sem fraternidade é impossível construir uma sociedade justa e uma paz sólida e duradoura”. Sim, a fraternidade é o fundamento e o caminho para a paz. A fraternidade é um vínculo vivo que unifica os corações e as mentes e nos torna construtores da paz no mundo. O orgulho constrói muros entre as pessoas, ao passo que a humildade, a própria essência da fraternidade, constrói pontes e faz nascer a paz em silêncio. Temos, assim, um apelo para transformar a sociedade através dos nossos atos de bondade que fluem para o outro e para toda a criação a partir da fonte divina dentro de cada um de nós. Esta é a vida em Deus e esta é a vida de Deus.

Estou extremamente feliz por nos termos reunido de diferentes credos como irmãos e irmãs unidos pelo mesmo amor de Deus. N’Ele somos um e n’Ele permaneceremos, é a mensagem manifestada neste augusto encontro. Rezo para que a nossa união e as reflexões abertas nos tornem verdadeiros instrumentos de paz para este mundo dilacerado por várias razões. A paz é um dom, mas também uma tarefa e uma responsabilidade. A paz não é um calmante, mas o maior estimulante para que estejamos sempre vivos, vibrantes e apaixonados pela causa da paz. Somos filhos e filhas de Deus e, por isso, somos implicitamente os construtores da paz. Mais uma vez, bem-vindos a todos vós e sejamos pacificadores vibrantes.

30 de agosto de 2017